...Talvez fosse melhor mudar de nome, mudar de raça, repetir tantas vezes uma história de vida que em algum momento eu mesmo me convenceria de que é verdade, e vivendo nela talvez encontrasse algum significado que esta outra, imposta, não apresentou. Talvez fosse o caso de sumir, sem esperar redenção, sem esperar que alguém se importasse em procurar.
Mas, ao contrário, repito a rotina, acordando, alimentando-me, vestindo-me: um produto da sociedade, fadado a não ser além do que aquilo que ela própria propões; qual rebeldia resta além daquela do pensamento, ou qual subversão senão aquela desconhecida, desconfortável, que nos transforma em estranhos até para aqueles que conhecem nosso rosto como as palmas das próprias mãos.
Então respiro fundo, olhos no horizonte: o cinza há de, cedo ou tarde, dar lugar ao pôr-do-sol.
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